A generosidade é tida como uma virtude daquele que se dispõe a sacrificar os próprios interesses em benefício de outrem.
A generosidade envolve uma doação incondicional, onde não há relação de troca, pois não se objetiva receber algo de volta, pois se estivermos esperando alguma coisa de volta, se descaracteriza o verdadeiro espírito da generosidade.
Quando fazemos algo movidos pelo resultado que aquela ação pode nos proporcionar a motivação não é a virtude em si, mas sim o interesse.
Se pararmos para analisar as motivações da nossa sociedade atual, qual é a virtude que ficaria de pé, que permaneceria íntegra por não haver nenhum tipo de interesse por trás, que não tenha nenhuma outra compensação a não ser a virtude em si?
Isso é a generosidade. Isso é a dádiva, onde não se espera outra coisa senão realizar-se como ser humano. Mas, infelizmente, são raros os atos de verdadeira dádiva, de verdadeira generosidade.
O Poeta Gibran, Khalil Gibran trata muito bem da generosidade ao dizer: “Vós pouco dais, quando dais de vossas posses. É quando daí de vós próprios que realmente dais”.
Nós achamos que o despojamento de bens materiais é a generosidade ou achamos que o que podemos fazer por alguém que precisa é dar coisas… e nos condicionamos a ter para dar.
Precisamos parar com a hipocrisia, porque a generosidade é o oposto do egoísmo. Ela não se resume a posses no plano físico, pois os maiores atos de generosidade ocorrem no plano emocional. Estes são os mais difíceis, porque são os verdadeiros.
O egoísmo no plano emocional é o mais difícil de vencer, porque é mais difícil de ser reconhecido. Não queremos abrir mão de nossas posições, de nossa opinião. Não arredamos o pé do nosso orgulho, da nossa vaidade… como é que eu vou ceder… jamais!
A vida cobra de nós a generosidade. Mas nós agimos como cães, enterrando nossos ossos na areia. Somos egoístas não só no plano material, mas no plano emocional também.
E fica a pergunta, alguma coisa neste mundo material é realmente nossa? Existe um ditado oriental que diz: “aquilo que é realmente teu, não pode ser tirado de ti”.
A matéria vai ser tirada de nós. O que as pessoas pensam de nós vai ser tirado muito mais rapidamente: os títulos, as honrarias… E quando o homem chega ao final da vida, muitas vezes não suporta a verdade ao perceber que tudo aquilo que ele achava que tinha na vida – ele não tinha. Porque isso é nada. Acumulo material ou acúmulo emocional é nada, porcaria.
Se o homem não tem nada mais sólido dentro de si, ou seja, aquilo que ele construiu como ser humano – dentro de si. Aquilo que ele fez e permitiu as pessoas crescerem a sua volta. E o que ele cresceu: isso é concreto, isso é sólido. Isto ninguém tira dele, ninguém tira isso.
Nós temos esta oportunidade de desenvolver aquilo que é de mais sagrado, que é a generosidade, a bondade, a justiça e jogamos fora, por coisas materiais que necessariamente vamos perder. Por coisas materiais que são irreais, jogamos fora a generosidade, que é real.
Desperdiçamos a oportunidade de ‘ser’, que é a coisa mais preciosa que podemos fazer enquanto seres humanos.
O que seria a verdadeira generosidade? Novamente Gibran: “E há os que dão, sem sentir pena, nem buscar alegria e sem pensar na virtude”.
É dar porque eu sou humano. É fazer porque eu cresco como ser humano e me satisfaço na própria ação de beneficiar o outro.
E agradeço aos céus pela oportunidade de poder dar algo a alguém. Pela oportunidade da generosidade e me satisfaço nisso. Pela oportunidade de poder levar esta generosidade adiante.
Exigir de si mesmo pelo menos um ato de generosidade por dia, coisas muito simples, as vezes um sorriso para uma pessoa que você cruza na rua. Um momento de atenção, uma gentileza. Uma coisa simples para sair desta prisão do pequeno eu e pensar um pouco em mais alguém, além de nós mesmos. Um ato de generosidade por dia. Uma pequena atitude diária que nos humaniza progressivamente.